3 de setembro de 2009

Compaixão

Compaixão: pelos que já morreram e pelos que vivem.
Mas que estranheza de vida receber telefonemas sempre no tal carro que por vezes se identifica com os estados de espírito que pairam dentro deles.
Receber noticias más.
Perceber as razões dos que partem, o sofrimento dos que ficam ou a liberdade que nos deixam. Agora desconfio de todos. Nem percebo como querem comunicar connosco, perdidos de mentes. A minha música inspira-me a partilha do mundo com todos.
Tu disses-te e eu escrevi. Não sei o que me vem á cabeça, mas sinceramente nem o posso saber, no meio da confusão que paira sobre mim. Assinar papéis de requerimentos, nunca tinha presenciado tal aparato de identidades.
Depois descomprimir no mundo irreal dos euros a cair. Que loucura.
Mas sou apologista do sentido da frase: "semeias para colher", no dia de hoje faz todo o sentido esta frase vinda de uma mente tão iluminada.
Sem saber porquê, as notas do piano estão cada vez mais graves. Cada vez mais assinado. Só falta ter um juiz atrás de mim para me prender pela minha expressão de arrogância. Mas eu só tenho medo dos que já partiram, dos maus que nos rodeiam da-mos nós belos pontapés.
Sinto a água a escorrer pela minha coluna. Referência de água para mim fundamental, mas estou a beber leite.
Respirar o poluído é essencial. Porque sem os fracos os fortes nunca poderiam existir. Fortes que ainda são mais fracos do que os próprios fracos.
A vida de puta comove-me. E estou farta de o dizer e de deitar cá para fora a ideia de viver um sonho. Tudo faz parte da vida.
Que bom ter momentos destes. Música inquieta ao contrário da minha calma.
Firme para a montanha cair sobre mim. Só tenho de apoiar os que se enterram.
Já dizia a minha consciência - Janela aberta para voar. Assim como pombas brancas se despedem de nós e nós deles. Destas almas consumidas pela violência da sobrevivência.
Vejo o futuro como um vidro todo estalado. Instável de se adivinhar quem vai depois ou antes.
E se o vidro se parte derrepente? Vamos ter compaixão por ele e apanhar todos os pedacinhos de vidro partido e tentar reconstruir, mas por mais que tentemos nunca iremos conseguir. Temos de aceitar o vidro partido. Que ruptura de acontecimentos. Que julgamento de sentimentos. Que convites de agitação e de calma.
Oiço umas bolhas a rebentarem como se fossem pássaros a chilrrear pelos troncos de árvores. Vejo o som como uma dor de cabeça insuportável que se transforma numa serpente venenosa que consome um jardim verde de relva que não lhe pertence.
Somos eternos, tanto na terra como no céu.
E o outro lado da vida vamos nós pesquisá-lo como o caminho para a saída de um labirinto.

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