2 de fevereiro de 2010

Violada pela imaginação

A serra não deixa passar nenhuma brisa marítima trazida do Algarve pelo sudoeste. O calor coloca-se ao corpo, como um manto, e a luz é crua, ligeiramente nublada ao longe, como as miragens.
E a vela suspensa sobre o rio, entalada entre as serras, é tão bonita como a mais sonhada das miragens.
Hoje a minha vela esteve acesa e estará até daqui a quatro dias. Eu provoco as boas energias. Respiro a humidade das nuvens como se fossem a água que me dá prazer beber. Abraço quem me quer abraçar e chamo de estrelinha. Um dia passado se passou.
Na ria corre uma água. Da sua não se pode beber e os seus peixes devem ser à justa para alimentar a alma que percorre o meu corpo. O desejo de ser violada pela magia da neve, que bate e desaparece- puff.
Abro outra da página do meu caldeirão e escorrem bolhas de refugado. Por assim dizer penso que dosearam sabiamente as quantidades de cada ingrediente.
Amanhã será a minha vez de provar a respiração, mas com um silêncio de tragédia que conta a história do drama que aqui ocorreu.
Rebentar a imaginação com a arquitectura desta corrupção de máscaras.
Logo que a porta do avião se abre, o Equador toma conta de nós.